segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Gramática

A gramática da língua japonesa, embora bastante diferente da gramática da língua portuguesa, é relativamente simples e regular (fora algumas exceções), que permite seu aprendizado de forma até bastante rápida. Por este mesmo motivo, falantes nativos do japonês precisam de um esforço suplementar para o aprendizado de línguas estrangeiras.
Na sequência, estão apresentadas algumas das características da gramática da língua japonesa.
A ordem básica das palavras em uma proposição é sujeito-objeto-verbo (SOV). Além disso, em geral, o objeto se põe na ordem tempo-modo-lugar.
A estrutura básica de uma frase é tema-rema.
O tema é um termo com significado amplo; pode coincidir ou não com o sujeito da frase e compreende outras informações já conhecidas, ou que já não necessitam ser
explicadas. O rema é a parte da frase que traz informações novas ao diálogo.
Tome-se por exemplo a frase こちらは田中さんです。Kochira wa Tanaka-san desu, "Este é o(a) Sr(a). Tanaka". A palavra kochira, lit. "este lado", é seguida da partícula wa, um marcador de tópico que indica o sujeito da frase; de forma que o significado de kochira wa é "Quanto a (esta pessoa d) este lado". Tanaka-san, "Sr(a). Tanaka", é a informação nova. No final aparece desu, que é equivalente ao português "é", um verbo de ligação, no caso.
O japonês, assim como o chinês e o coreano, é uma língua na qual o tema e o sujeito não se confundem, aparecendo de forma separada.
Um exemplo que explicita tema e sujeito separadamente é a frase 象は鼻が長い。Zō wa hana ga nagai, "Os elefantes têm tromba comprida", entretanto, literalmente, quer dizer "Quanto aos elefantes, a tromba é comprida". O tópico é 象 , "elefante(s)"; o sujeito, 鼻 hana, "nariz, tromba", é marcado pela partícula ga. Veja que 長い nagai, "comprido(a)", embora seja apenas um adjetivo, forma uma predicação completa, isto é, equivale a "é comprido(a)", no caso.
Os substantivos não têm gênero, nem número e não se flexionam. A palavra 本 hon pode significar "um livro", "o livro", "alguns livros" e "os livros". Se o número é de contexto importante, ele pode ser construído de tal forma que possa ser compreendido, geralmente com o emprego de advérbios de quantidade. Excepcionalmente, substantivos que representam pessoas podem ser seguidos de sufixos indicadores de plural (-tachi, -ra ou -domo). Por exemplo, 僕 boku, "eu" usado por meninos ou homens adultos, pode ter a forma plural bokura ou bokutachi, "nós". Observe que os pronomes em japonês se comportam como substantivos.
Nem sempre a simples adição do sufixo -tachi dará o respectivo plural do substantivo ao qual é aplicado; às vezes, pode indicar um grupo de pessoas dentre as quais o indivíduo-sujeito faz parte. Por exemplo, お母さん okāsan significa "mamãe", mas お母さん達 okāsan-tachi pode significar tanto "mamães" como "mamãe e as outras pessoas que a acompanham".
Existe também uma forma vinda do japonês antigo de representar o plural, que é através da duplicação do substantivo: 人 hito, "homem", e 人々 hitobito, "homens". O caractere 々 serve para repetir e substituir o caractere chinês anterior.
Os sintagmas têm a função sintática indicada pela partícula que os sucedem imediatamente. Como regra geral, além da partícula は wa apresentada anteriormente, temos a possessão indicada pela partícula の no, o sujeito, pela partícula が ga, o objeto direto, pela partícula を o, o objeto indireto, pela partícula に ni, a direção ou destino de uma ação, pela partícula へ e e outras. Exemplos: 空の色 sora no iro, "cor do céu" (céu = 空); 水を飲む mizu o nomu, "beber água" (água = 水); 歯が痛い ha ga itai, "o dente dói" ou "meu dente dói", dependendo do contexto; 学校へ行く gakkō e iku, "ir à escola", etc.
Os verbos são conjugados em dois tempos, tecnicamente nomeados de "passado" e "não-passado", este último incluindo tanto o presente como o futuro. Não existem flexões de número e pessoa. Por exemplo, 行く iku, "ir", também pode significar "vou", "vais", "vai", "vamos" etc. Além do modo infinitivo, temos o modo indicativo, modo imperativo ríspido, modo imperativo coletivo, modo volitivo, modo causativo, forma -te e dois modos condicionais. Cada modo tem ambas as formas afirmativa e negativa.
A chamada forma -te é aproximadamente o gerúndio da língua portuguesa, embora seja usada ainda para exprimir outros tempos.
Existem três categorias principais de adjetivos na língua japonesa, que diferem entre si no ponto de vista sintático: adjetivos -i, adjetivos -na e adjetivos propriamente ditos (mas desses últimos existem muito poucos).
Os adjetivos -i são aqueles que terminam com い i, como no exemplo anterior 長い nagai, "comprido(a)", "longo(a)". Esta categoria de adjetivos se comporta de forma similar a verbos, por exemplo, formando negativos de forma semelhante, formando o modo condicional e conjugando-se nos dois tempos: o passado de 長い é 長かった nagakatta ("era longo"). Por sua vez, os adjetivos -na comportam-se como se fossem substantivos, desconhecendo qualquer tipo de flexão.
A diferença entre adjetivos -na e substantivos propriamente ditos está no fato de o adjetivo poder determinar um substantivo: por exemplo, em 静かな子 shizuka na ko, "um menino(a) comportado", onde 子 ko, "menino", é determinado por 静かな.
Os adjetivos propriamente ditos formam uma categoria restrita; não podem vir no lugar de predicações e nem podem ser independentes de substantivos. Por exemplo, 色んな人 iron'na hito, "diversas pessoas".
O verbo する suru, "fazer", pode acompanhar uma série de substantivos para formar inúmeros verbos, de forma similar à construção "fazer a barba", "fazer bobagem", do português.
Como exemplo, de 勉強 benkyō, "lição de casa", "estudo", forma-se 勉強する benkyō suru, "estudar".
Existe um número grande de verbos compostos, formados pelo acoplamento de verbos de significados diferentes que, juntos, dão um conceito totalmente novo. Por exemplo, 入り込む hairikomu, "introduzir", "inserir", que se compõe de hairu, "entrar", e komu, "lotar".
Embora a língua japonesa tenha uma coleção grande de pronomes pessoais (existem cerca de dez variações do pronome "eu"), frequentemente eles são omitidos. Muitas vezes são substituídos pelo nome da pessoa respectiva ou simplesmente omitidos quando pode ser subentendido. A frase 忙しい。isogashii contém apenas uma palavra, mas dependendo do contexto pode ser interpretada como "(Eu) estou ocupado".
Especialmente na língua japonesa falada, usam-se "partículas finais", que são palavras curtas (geralmente de uma mora) e que mudam o propósito da frase.
Como exemplo, face à frase "Chove", obtém-se diversas variações na tradução devidas simplesmente à tal partícula (os parênteses clarificam a situação respectiva pela extensão da frase):
雨が降ってるよ。 Ame ga futteru yo "Está chovendo, viu? (leva um guarda-chuva)"
雨が降ってるね。 Ame ga futteru ne "Está chovendo, não? (como voltaremos para casa?)"
雨が降ってるわ。 Ame ga futteru wa "Está chovendo!" (feminino)
雨が降ってるさ。 Ame ga futteru sa "Ih, está chovendo! (desse jeito não vamos passear!)"
A língua japonesa é rica em palavras e expressões onomatopeicas e expressões que representam estados físicos ou psicológicos. Tais expressões são divididas em giongo, lit. "onomatopeias", e gitaigo, lit. "expressões que imitam o estado físico ou psicológico". Onomatopeias existem em qualquer língua (o japonês wan-wan seria o au-au português), mas o gitaigo japonês é muito mais numeroso comparativamente a outras línguas. Exemplos de gitaigo: nuru-nuru (ser escorregadio), pika-pika (ser piscante ou cintilante), pera-pera (ser falante ou fluente em uma língua), shiin (silêncio absoluto), sukkiri (o sentimento de estar livre de problemas), hakkiri (direto, sem ambiguidades), etc.
Embora geralmente as palavras de qualquer língua possam ser consideradas símbolos que representam algo a nível auditivo, nenhuma ideia normalmente possui ligação evidente entre som e conceito; as onomatopeias, porém, apresentam uma ligação clara entre pronúncia e conceito. Gatos, por exemplo, parecem fazer miau, de forma que o miado de gatos pode ser aproximado à pronúncia da onomatopeia "miau". Neste ponto de vista, o gitaigo é uma construção intermediária, na medida em que o conceito exprimido não é nem evidente, nem ausente. Depois do aprendizado de um número apreciável desses termos, tanto uma criança japonesa como um estudante da língua japonesa poderá ser capaz de adivinhar, eventualmente auxiliado pelo contexto, o significado de um novo gitaigo. Deve-se frisar que ambos, giongo e gitaigo, são usados indiscriminadamente e com muita frequência por japoneses de todas as faixas etárias, seja na forma escrita, seja na conversação.
Um outro aspecto da língua japonesa está relacionado com a maneira com que se dá conta da origem das informações. Enquanto em português diz-se "Crê-se que …", "É provável que …", "Parece que …", em japonês isto é muito mais sistemático e mais sutil. Existem vários exemplos da frase "É provável que …" em japonês, cada uma com um nível de probabilidade diferente.
Existem muitos pares de verbos com o mesmo significado, diferindo apenas por um deles ser a forma transitiva e o outro, a intransitiva. O que em português são os verbos "cair" e "derrubar", em japonês é um só verbo, com a forma intransitiva 落ちる ochiru, "cair", e a forma transitiva 落とす otosu, "derrubar".
Conjugação dos verbos

Negativo Continuativo Infinitivo Imperativo Desiderativo Condicional Perfectivo Forma -te
verbos1 narawa narai narau narae naraou nareba naratta naratte

ika iki iku ike ikou ikeba itta itte

aruka aruki aruku aruke arukou arukeba aruita aruite

oyoga oyogi oyogu oyoge oyogou oyogeba oyoida oyoide

hanasa hanashi hanasu hanase hanasou hanaseba hanashita hanashite

mata machi matsu matou mateba matta matte

shina shini shinu shine shinou shineba shinda shinde

asoba asobi asobu asobe asobou asobeba asonda asonde

noma nomi nomu nome nomou nomeba nonda nonde

nora nori noru nore norou noreba notta notte

-- ari aru -- -- areba atta atte

kaera kaeri kaeru kaere kaerou kaereba kaetta kaette
Verbos2 tabe tabe taberu tabeyo taberou tabereba tabeta tabete

oki oki okiru okiyo okirou okireba okita okite
Verbos3 ko ki kuru koi kurou kureba kita kite

shi shi suru seyo surou sureba shita shite

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