quarta-feira, 2 de novembro de 2011

um pouco mais da história dos kanjis

Os kanji (漢字) são caracteres da língua japonesa com origem de caracteres chineses, da época da Dinastia Han, que se utilizam para escrever japonês junto com os
caracteres silabários katakana e hiragana.
No Brasil, kanji, também é sinónimo de ideograma. Sempre foi muito utilizado na confecção de tatuagens. Devido ao imenso e variável número de kanji's, o ministério da educação japonês definiu, a 10 de Outubro de 1981, a jōyō kanji, uma lista de 1945 kanji oficiais, distribuídos por ordem de traços, de 1 até 23.

História

Há algumas discordâncias sobre como os caracteres chineses chegaram ao Japão, mas é geralmente aceito que monges Budistas, ao voltar para o Japão, trouxeram consigo textos chineses por volta do século V. Esses textos estavam na língua chinesa, e num primeiro momento teriam sido lidos como tal. Com o passar do tempo, porém, um sistema conhecido como kanbun (漢文) foi desenvolvido; ele essencialmente usava sinais diacríticos nos textos Chineses para possibilitar aos falantes do japonês lê-los de acordo com as regras da gramática japonesa. A língua japonesa não possuía forma escrita naquele tempo. Surgiu um sistema de escrita chamado man'yogana que usava um limitado número de caracteres chineses baseados em sua pronúncia, ao invés de seu significado. Man'yõgana escrito em estilo curvilínio se tornou hiragana, um sistema de escrita que era acessível às mulheres (que na época não recebiam educação superior). O silabário katakana emergiu por um caminho paralelo: estudantes de monastério simplificaram man'yõgana a um único elemento constituinte. Desta forma os dois outros sistemas de escrita, hiragana e katakana, referidos coletivamente como "kana", são, na verdade, provenientes de kanjis.

Leituras

Devido à maneira que os caracteres kanji foram adotados no Japão, um único kanji pode ser usado para escrever uma ou mais palavras diferentes (ou, na maioria dos casos, morfemas). Pelo ponto de vista do leitor, é dito que os kanjis apresentam uma ou mais "leituras" diferentes. A escolha da leitura depende do contexto, significado pretendido, uso em compostos, e até a localização na frase. Alguns kanjis apresentam 10 ou mais leituras possíveis. Essas leituras são normalmente categorizadas como "on'yomi" ou "kun'yomi".

"On'yomi" (leitura chinesa)

"On'yomi" (音読み), a leitura sino-japonesa, é uma aproximação da pronúncia Chinesa do caractere na época em que ele foi introduzido no Japão. Alguns kanjis foram introduzidos várias vezes em épocas diferentes e a partir de distintas regiões da China, por isso temos múltiplos "on'yomi" e às vezes múltiplos significados. Normalmente não iria se esperar que kanjis inventados no Japão tivessem uma leitura "on", mas há exceções, como o caractere 働 'trabalhar', que apresenta o kun'yomi "hataraku" e o on'yomi dõ, e 腺 'glândula', que tem somente o on'yomi
A leitura on'yomi ocorre principalmente em palavras compostas de múltiplos kanjis (熟語 jukugo), muitas das quais são o resultado da adoção (juntamente com o próprio kanji) de palavras Chinesas para conceitos que não existiam na língua japonesa da época. Esse processo é comparável ao empréstimo de palavras de origem latina pelo português."sem"

"Kun'yomi" (leitura japonesa)

A leitura kun'yomi (訓読み), ou "leitura nativa", é baseada na pronúncia de uma palavra originariamente japonesa, ou "yamatokotoba" (大和言葉), que se aproximava do significado do caractere chinês na época em que este foi introduzido. Assim como o on'yomi, pode haver várias leituras kun'yomi para um mesmo kanji, ou até mesmo nenhuma.
Por exemplo, o kanji para leste, 東, apresenta on'yomi "tõ". Mas, a língua japonesa já tinha duas palavras para "leste": "higashi" e "azuma". Desse modo, ao caractere kanji 東 foram adicionadas essas duas pronúncias. Já o kanji 寸, que denota uma unidade de medida chinesa (aproximadamente 3cm), não tinha nenhum equivalente na língua japonesa, por isso tem apenas uma leitura on'yomi: "

Quando usar cada leitura

Mesmo palavras com conceitos similares, como "leste" (東), "norte" (北) e "nordeste"(東北), podem ter leituras completamente diferentes: "higashi" e "kita", leituras "kun", são usadas nas duas primeiras, respectivamente; a terceira lê-se usando o on'yomi: "touhoku".
A principal regra para determinar a leitura e pronúncia de um kanji em um determinado contexto é que kanjis aparecendo em compostos são normalmente lidos usando o "on'yomi". Esses compostos são chamados "jukugo"(熟語) em japonês. Por exemplo, 情報 jõhõ "informação", 学校 gakkõ "escola", e 新幹線 shinkansen "trem-bala", todos seguem este padrão.
Kanjis que aparecem isolados -- ou seja, escritos adjacentes a kana somente, não a outros kanjis -- são normalmente lidos usando seu "kun'yomi". Juntos ao seu okurigana, caso o possuam, eles normalmente funcionam como um substantivo ou como um verbo ou adjetivo flexionados. Por exemplo: 月 tsuki "lua", 情け nasake "simpatia", 赤い akai "vermelho" (adj), 新しい atarashii "novo", 見る miru "ver".
Há um terceiro tipo de leitura, na qual os kanjis são lidos pelo significado conjunto, ignorando-se as pronúncias "on" e "kun" de cada um deles isoladamente. Como um exemplo, veja a palavra para "adulto", que é 大人, que consiste dos kanjis 大 (grande) e 人 (pessoa). Contudo, a leitura não é "daijin" nem "oohito" como poderia se esperar das leituras "on" e "kun", mas sim "otona", pois essa é a palavra japonesa para "adulto".
Um outro exemplo é 明後日, que consiste de 明("amanhã") + 後(depois) + 日(dia), ou seja "dia depois de amanhã". Existe a leitura "myogonichi", que é feita pelos caracteres, mas o composto também pode ser lido como "asatte", que significa "depois de amanhã" mas não está relacionado às pronúncias dos kanjis individuais.

Quando não usar kanjis

Apesar de existirem kanjis para quase todas as palavras da língua japonesa, muitas vezes não é comum escrever certas palavras em Kanji. Isso se deve ao fato do kanji daquela palavra ser muito complicado para o uso corriqueiro, ou quando a palavra é de uso tão comum que já se tornou mais prático sempre escrevê-la em kana.
Por exemplo, os pronomes これ, それ, あれ ("kore", "sore", "are") todos têm kanjis correspondentes, mas quase nunca são utilizados. O mesmo ocorre com verbos de uso frequente como ある e いる, cujos kanjis são, respectivamente 有る e 居る. A maioria das preposições e muitos advérbios são escritos em kana, apesar de terem kanjis.

0 comentários:

Postar um comentário

 
;